Publicado originalmente no site Litera Tortura, em 17/07/2013.
Uma breve história das Histórias em quadrinhos no Brasil.
Por Karina Piva.
Tudo o que eu sabia sobre história em quadrinhos (HQ) se
resumia aos quadradinhos desenhados no final do jornal. Também sabia das
coleções como Calvin and Hobbes ou 10 anos de Mafalda que também não deixavam
de ser as mesmas publicações agrupadas em um livro.
Participando de um curso chamado A arte de editar um livro,
tive uma aula enriquecedora sobre “Como comprar os direitos e editar HQ”, com
André Conti. Editor da seção de Quadrinhos na Cia, selo da Companhia das
Letras, Conti explicou-nos desde a história das HQ no Brasil até o que ele
aprendeu com os artistas que publicou.
Falando apenas do Brasil, as pequenas histórias apareceram
no começo do século XX no Jornal de domingo. Sua função? Fazer com que as
crianças quisessem que os pais comprassem o jornal pelas tirinhas, ou seja,
aumentar as vendas. Funcionou muito bem por um tempo, até que os produtores do
segmento começaram a colocar críticas sociais, cenas impróprias, entre outros.
Na década de 50 começou a se falar que isso era uma maneira de corromper as
crianças com tanta informação adulta. Cria-se, então, um selo para proteger a
inocência da infância.
Nos anos 70, a editora Abril e Maurício de Sousa criam um
estúdio artístico para que quadrinhistas tivessem espaço para atuar
profissionalmente. Nessa década surgiram personagens como Zé Carioca e Zorro.
Ziraldo acompanhou de perto o processo, deixando que a editora Abril também
transformasse seu personagem mais famoso, Menino Maluquinho, em história em
quadrinhos.
Nota-se a criação de um novo segmento literário: as
publicações de história em quadrinho para adultos. Marvel, Cavaleiros do
Zodíaco tornam-se revistas impressas no país, em torno dos anos 90. O estilo
‘HQ’ transforma-se em algo comum e acessível.
André Conti volta-se
um pouco para seu próprio trabalho e explica que quando começou a divisão na
Cia. Das Letras ele nunca havia editado uma única tira sequer. Imerso nesse novo mundo, ele dedica-se à
publicação de Romances Gráficos, ideia popularizada por Will Eisner. Seriam
livros de ficção apresentados como história em quadrinhos. Aproveitou um
passeio em Paris para buscar livros publicados por lá. Voltou com infinitas
ideias, mas ainda queria também produzir histórias brasileiras.
Começou editando o livro Cachalote de Daniel Galera e Rafael
Coutinho. O trabalho demorou dois anos, foi publicado em 2010. André Conti
conta que foi descobrindo com o tempo os elementos de narrativa das histórias
em quadrinho: cada traço significa uma coisa, as cores trazem uma nova interpretação
e os personagens podem ser intensos. Afirmou também que foi e é muito difícil
preparar as tiras.
Durante edições de algumas histórias ele comenta que é
preciso ser frio no momento de dizer o que é necessário e o que precisa ser
modificado. Assim como nos livros literários são necessárias diversas
modificações para que a história flua e seja bem contada ao leitor. Compara o
trabalho com roteirista de filmes que precisam imaginar as cenas. Explica
também que se os desenhos possuem muitos detalhes, precisa fazer um livro menor
com imagens grandes. Tudo é pensado, desde a capa, contra-capa, folha de rosto.
‘O livro, o quadrinho, precisa ser convidativo antes mesmo de começar a
história.’ afirma André.
Ao longo da aula expôs diversos nomes de criadores de
história em quadrinhos e de artistas que fazem a adaptação de clássicos para
romances gráficos. Instruído e amador do que faz, nos deixou curioso sobre um
lançamento próximo de uma adaptação. Vale a pena acompanhar.
Texto e imagem reproduzidos do site: literatortura.com
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