domingo, 4 de dezembro de 2016

Uma breve história das Histórias em quadrinhos no Brasil


Publicado originalmente no site Litera Tortura, em 17/07/2013.

Uma breve história das Histórias em quadrinhos no Brasil.
Por Karina Piva.

Tudo o que eu sabia sobre história em quadrinhos (HQ) se resumia aos quadradinhos desenhados no final do jornal. Também sabia das coleções como Calvin and Hobbes ou 10 anos de Mafalda que também não deixavam de ser as mesmas publicações agrupadas em um livro.

Participando de um curso chamado A arte de editar um livro, tive uma aula enriquecedora sobre “Como comprar os direitos e editar HQ”, com André Conti. Editor da seção de Quadrinhos na Cia, selo da Companhia das Letras, Conti explicou-nos desde a história das HQ no Brasil até o que ele aprendeu com os artistas que publicou.

Falando apenas do Brasil, as pequenas histórias apareceram no começo do século XX no Jornal de domingo. Sua função? Fazer com que as crianças quisessem que os pais comprassem o jornal pelas tirinhas, ou seja, aumentar as vendas. Funcionou muito bem por um tempo, até que os produtores do segmento começaram a colocar críticas sociais, cenas impróprias, entre outros. Na década de 50 começou a se falar que isso era uma maneira de corromper as crianças com tanta informação adulta. Cria-se, então, um selo para proteger a inocência da infância.

Nos anos 70, a editora Abril e Maurício de Sousa criam um estúdio artístico para que quadrinhistas tivessem espaço para atuar profissionalmente. Nessa década surgiram personagens como Zé Carioca e Zorro. Ziraldo acompanhou de perto o processo, deixando que a editora Abril também transformasse seu personagem mais famoso, Menino Maluquinho, em história em quadrinhos.

Nota-se a criação de um novo segmento literário: as publicações de história em quadrinho para adultos. Marvel, Cavaleiros do Zodíaco tornam-se revistas impressas no país, em torno dos anos 90. O estilo ‘HQ’ transforma-se em algo comum e acessível.

 André Conti volta-se um pouco para seu próprio trabalho e explica que quando começou a divisão na Cia. Das Letras ele nunca havia editado uma única tira sequer.  Imerso nesse novo mundo, ele dedica-se à publicação de Romances Gráficos, ideia popularizada por Will Eisner. Seriam livros de ficção apresentados como história em quadrinhos. Aproveitou um passeio em Paris para buscar livros publicados por lá. Voltou com infinitas ideias, mas ainda queria também produzir histórias brasileiras.

Começou editando o livro Cachalote de Daniel Galera e Rafael Coutinho. O trabalho demorou dois anos, foi publicado em 2010. André Conti conta que foi descobrindo com o tempo os elementos de narrativa das histórias em quadrinho: cada traço significa uma coisa, as cores trazem uma nova interpretação e os personagens podem ser intensos. Afirmou também que foi e é muito difícil preparar as tiras.

Durante edições de algumas histórias ele comenta que é preciso ser frio no momento de dizer o que é necessário e o que precisa ser modificado. Assim como nos livros literários são necessárias diversas modificações para que a história flua e seja bem contada ao leitor. Compara o trabalho com roteirista de filmes que precisam imaginar as cenas. Explica também que se os desenhos possuem muitos detalhes, precisa fazer um livro menor com imagens grandes. Tudo é pensado, desde a capa, contra-capa, folha de rosto. ‘O livro, o quadrinho, precisa ser convidativo antes mesmo de começar a história.’ afirma André.

Ao longo da aula expôs diversos nomes de criadores de história em quadrinhos e de artistas que fazem a adaptação de clássicos para romances gráficos. Instruído e amador do que faz, nos deixou curioso sobre um lançamento próximo de uma adaptação. Vale a pena acompanhar.

Texto e imagem reproduzidos do site: literatortura.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário