domingo, 24 de dezembro de 2017

Mauricio de Sousa e os quadrinhos infantis que educam



Publicado originalmente no site da revista Literatura, em 28 de agosto de 2017

Mauricio de Sousa e os quadrinhos infantis que educam

Por Caroline Svitras 

Da Redação |Imagens retiradas da revista* | Adaptação web Caroline Svitras

Mauricio de Sousa é sinônimo de sucesso em histórias em quadrinhos e em projetos diversos voltados para o entretenimento, que ele concretiza com notável capacidade empresarial. Nesta entrevista, ele fala um pouco de si, dos métodos da Maurício de Sousa Produções e muito de educação, uma de suas grandes preocupações.

Mauricio, o que você acha da educação infantil, hoje, no Brasil?

MS – Com a concorrência da internet, games e todo tipo de apelo de diversão para a criança, acredito que deveria haver maior investimento na educação através do lúdico. Só assim manteremos as crianças dentro da escola.

Seu trabalho contribui e muito para a educação — quais os cuidados que você procura ter na hora de escrever suas histórias?

MS – Buscamos sempre estar informados sobre os interesses das crianças. Acompanhamos as mudanças naturais de geração para geração. Por essa razão, acredito que sempre mantemos um público constante sem perda de atualidade. Sempre foi uma preocupação nossa fazer com que nossos personagens falassem a língua do dia. Além disso, passamos muitas informações educativas por meio de historinhas engraçadas. Também nos envolvemos em revistinhas especiais para a área de saúde, direitos das crianças, educação.

História em Quadrinhos: Os elementos de uma linguagem

As tiras mais antigas publicadas em jornal, a partir de 1959, já eram observadas por crianças ou, basicamente, o público adepto era o adulto?

MS – Meus primeiros personagens, Franjinha e Bidu, já buscavam um público infantil. Porém, suas piadinhas agradavam também ao público mais adulto. Quando criei toda a turminha, já estava bem direcionado ao público infantil. Minha primeira revista editada pela Abril, em 1970, tem as mesmas características básicas das publicadas hoje pela Panini. Mudou só o visual de alguns personagens e a linguagem, que sofre constante mutação e exige acompanhamento.

Escrevendo sobre quadrinhos

Você acredita que é possível educar e alfabetizar por meio das histórias em quadrinhos?

MS – Não só acredito como já é uma constatação. Em meus lançamentos nas livrarias, onde tenho contato direto com meus leitores, é comum algum pai dizer que seu filho aprendeu a ler com a Turma da Mônica. O lúdico sempre foi fonte de interesse da criança, e a linguagem dos quadrinhos é especial nesse caso, pois trabalha a memória visual juntamente com a de leitura. O resultado é alguém interessado em ler apesar dos programas de TV, dos videogames e outras diversões modernas que tiram o tempo de leitura. Além disso, existem diversas outras aplicações em sala de aula.

Ler histórias em quadrinhos é uma atividade de lazer. Como falar de valores e transmitir mensagens importantes sem deixar as histórias com um tom totalmente educativo, e não perder o lado divertido e descontraído?

MS – Nosso lema é, em primeiro lugar, divertir o leitor. Conseguindo isso, podemos passar para a segunda etapa, que é transmitir valores de solidariedade, educacionais etc. Uma história em quadrinhos didática demais não funciona para a memorização, pois se torna chata. Tem que ter ação e muito humor acontecendo em doses certas.

Os seus personagens são muito utilizados por professores para trabalhar valores com as crianças. Você tem essa intenção no momento da criação?

MS – Os professores são pais das crianças na escola e também querem vê-los brincando ao mesmo tempo em que estudam. É natural que aproveitem o interesse das crianças em desenho e personagens conhecidos para a criação de exercícios ligados a alguma matéria. Muitos professores nos dizem que utilizam bastante na aula de português, onde o balão (espaço onde ficam os textos) pode ser apagado e as crianças tentam colocar seus próprios textos. Isso ajuda na criatividade, no desenvolvimento de histórias e na prática do português a partir do diálogo. Não é pouco! Então, temos várias historinhas que procuram dar essa vazão ao professor e às crianças. Também temos revistas que desenvolvem temas paradidáticos de História do Brasil, Meio Ambiente, Cidadania etc.

*Revista Conhecimento Prático – Literatura Ed. 51

Adaptado do texto “Mauricio de Sousa e os quadrinhos infantis que educam”

Texto e imagem reproduzidos do site: literatura.uol.com.br

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