Publicado originalmente no site da revista Literatura, em 28 de agosto de 2017
Mauricio de Sousa e os quadrinhos infantis que educam
Por Caroline Svitras
Da Redação |Imagens retiradas da revista* | Adaptação web
Caroline Svitras
Mauricio de Sousa é sinônimo de sucesso em histórias em
quadrinhos e em projetos diversos voltados para o entretenimento, que ele
concretiza com notável capacidade empresarial. Nesta entrevista, ele fala um
pouco de si, dos métodos da Maurício de Sousa Produções e muito de educação,
uma de suas grandes preocupações.
Mauricio, o que você acha da educação infantil, hoje, no
Brasil?
MS – Com a concorrência da internet, games e todo tipo de
apelo de diversão para a criança, acredito que deveria haver maior investimento
na educação através do lúdico. Só assim manteremos as crianças dentro da
escola.
Seu trabalho contribui e muito para a educação — quais os
cuidados que você procura ter na hora de escrever suas histórias?
MS – Buscamos sempre estar informados sobre os interesses
das crianças. Acompanhamos as mudanças naturais de geração para geração. Por
essa razão, acredito que sempre mantemos um público constante sem perda de
atualidade. Sempre foi uma preocupação nossa fazer com que nossos personagens
falassem a língua do dia. Além disso, passamos muitas informações educativas
por meio de historinhas engraçadas. Também nos envolvemos em revistinhas
especiais para a área de saúde, direitos das crianças, educação.
História em Quadrinhos: Os elementos de uma linguagem
As tiras mais antigas publicadas em jornal, a partir de
1959, já eram observadas por crianças ou, basicamente, o público adepto era o
adulto?
MS – Meus primeiros personagens, Franjinha e Bidu, já buscavam
um público infantil. Porém, suas piadinhas agradavam também ao público mais
adulto. Quando criei toda a turminha, já estava bem direcionado ao público
infantil. Minha primeira revista editada pela Abril, em 1970, tem as mesmas
características básicas das publicadas hoje pela Panini. Mudou só o visual de
alguns personagens e a linguagem, que sofre constante mutação e exige
acompanhamento.
Escrevendo sobre quadrinhos
Você acredita que é possível educar e alfabetizar por meio
das histórias em quadrinhos?
MS – Não só acredito como já é uma constatação. Em meus
lançamentos nas livrarias, onde tenho contato direto com meus leitores, é comum
algum pai dizer que seu filho aprendeu a ler com a Turma da Mônica. O lúdico
sempre foi fonte de interesse da criança, e a linguagem dos quadrinhos é
especial nesse caso, pois trabalha a memória visual juntamente com a de
leitura. O resultado é alguém interessado em ler apesar dos programas de TV,
dos videogames e outras diversões modernas que tiram o tempo de leitura. Além
disso, existem diversas outras aplicações em sala de aula.
Ler histórias em quadrinhos é uma atividade de lazer. Como
falar de valores e transmitir mensagens importantes sem deixar as histórias com
um tom totalmente educativo, e não perder o lado divertido e descontraído?
MS – Nosso lema é, em primeiro lugar, divertir o leitor.
Conseguindo isso, podemos passar para a segunda etapa, que é transmitir valores
de solidariedade, educacionais etc. Uma história em quadrinhos didática demais
não funciona para a memorização, pois se torna chata. Tem que ter ação e muito
humor acontecendo em doses certas.
Os seus personagens são muito utilizados por professores
para trabalhar valores com as crianças. Você tem essa intenção no momento da
criação?
MS – Os professores são pais das crianças na escola e também
querem vê-los brincando ao mesmo tempo em que estudam. É natural que aproveitem
o interesse das crianças em desenho e personagens conhecidos para a criação de
exercícios ligados a alguma matéria. Muitos professores nos dizem que utilizam
bastante na aula de português, onde o balão (espaço onde ficam os textos) pode
ser apagado e as crianças tentam colocar seus próprios textos. Isso ajuda na
criatividade, no desenvolvimento de histórias e na prática do português a
partir do diálogo. Não é pouco! Então, temos várias historinhas que procuram
dar essa vazão ao professor e às crianças. Também temos revistas que
desenvolvem temas paradidáticos de História do Brasil, Meio Ambiente, Cidadania
etc.
*Revista Conhecimento Prático – Literatura Ed. 51
Adaptado do texto “Mauricio de Sousa e os quadrinhos
infantis que educam”
Texto e imagem reproduzidos do site: literatura.uol.com.br
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